Por
Roberto Freire, para o Blog do Noblat
Em um ano decisivo que
definirá os rumos do Brasil após a transição iniciada com o impeachment, é
inegável que o país passa por um momento crucial. Depois de superarmos a mais
aguda recessão econômica de nossa história republicana, um desastroso legado deixado
pelo lulopetismo, e ainda enfrentando os desdobramentos de uma profunda crise
moral e do descrédito generalizado da população em relação à política, é
importante que todos aqueles que têm compromisso e responsabilidade com o país
estejam dispostos a dialogar e estabelecer pontes com a sociedade civil,
representada por uma série de movimentos cívicos cada vez mais atuantes.
Em um mundo marcado por um
inevitável e revolucionário processo de transformação, não é das tarefas mais
simples para as forças políticas e agremiações partidárias se adaptarem a essa
nova realidade. Instituições datadas do período da Revolução Industrial, ainda
no século XIX, os partidos políticos hoje têm enorme dificuldade de se
estabelecer nas sociedades plenamente interconectadas em rede. A degradação
moral e a corrupção desenfreada que caracterizaram os 13 anos de governos do
PT, com Lula e Dilma, só agravaram esse quadro. Há uma total desconexão e um
claro descompasso entre representantes e representados e, também por isso, é fundamental
que os agentes políticos façam uma autocrítica e se abram, verdadeiramente, aos
movimentos que, oriundos da sociedade civil, pretendem participar de uma
renovação do processo político.
Nesse sentido, o PPS, que
historicamente sempre defendeu uma nova formação política, tem consciência de
que os partidos já não conseguem vocalizar as demandas sociais com a agilidade
necessária. Nos últimos meses, abrimos um amplo, generoso e produtivo diálogo
com movimentos de vários matizes – diferentes entre si, mas dispostos a
ingressar na política e viabilizar uma nova forma de representação. Não sabemos
qual será o destino dos partidos no curto ou médio prazo, mas é muito provável
– quase uma certeza – que eles não mais existirão, da forma como se colocam hoje,
em um futuro que se anuncia mais próximo do que imaginávamos. A ideia do
partido-movimento é uma tese cada vez mais presente e já um dado da realidade
em sociedades mais abertas e avançadas. É algo que pode começar a ser
construído também no Brasil.
Neste início de ano, o PPS
realizou encontros com algumas dessas organizações e movimentos cívicos, entre
os quais Agora!, Livres, Acredito, Renova Brasil, Rede de Ação Política pela
Sustentabilidade (RAPS), Frente pela Renovação, Vem pra Rua e Roda Democrática,
justamente com o objetivo de estreitar laços e promover ações conjuntas. Tenho
participado ativamente dessas conversas, ao lado de outras lideranças do nosso
partido, como os deputados federais Arnaldo Jardim (SP) e Rubens Bueno (PR), o
deputado estadual Davi Zaia (SP), o presidente do Diretório Municipal do PPS de
São Paulo, Carlos Fernandes; o diretor-geral da Fundação Astrojildo Pereira
(FAP), Luiz Carlos Azedo; o secretário-geral do PPS, Wober Júnior; o
secretário-nacional de comunicação do PPS, Adão Cândido; o secretário de
comunicação do PPS de São Paulo e editor do Blog do PPS-SP, Maurício Huertas,
entre outros. Tem sido uma troca interessante que nos permite aprender com os
movimentos e, de certa forma, transmitir aos mais jovens um pouco de nossa
longa vivência na vida pública.
As conversas com esses
grupos estão adiantadas, em especial com o Agora!, e o PPS já manifestou sua
intenção de receber vários desses jovens como filiados para, eventualmente, se
candidatarem nas próximas eleições. Saliente-se, aliás, que um dos integrantes
e principais líderes do Agora! é Luciano Huck, que tem se mostrado disposto a
contribuir ainda mais intensamente com as discussões sobre os problemas e
desafios do Brasil. Caso a entrada dos movimentos se confirme, é importante
ressaltar que todos eles terão autonomia e, inclusive, ajudarão na tomada de
decisões do partido, trazendo contribuições, participando dos debates sobre
questões políticas e atuando de forma concreta e eficaz.
A revolução social e de
comportamento que o mundo experimenta é uma realidade contra a qual não se pode
lutar. Tal processo envolve não apenas o avanço das novas tecnologias ou das
ferramentas de comunicação, mas constitui, fundamentalmente, uma transformação
radical na forma como nos relacionamos uns com os outros. Este novo mundo nos
afeta a todos, em todos os segmentos de atividade, proporcionando o surgimento
de novas instituições e organizações que substituirão as velhas estruturas.
Diante desse cenário, é fundamental que tenhamos uma visão conectada com o
futuro e abdiquemos de vícios e valores ultrapassados de um mundo que ficou
para trás e não mais voltará.
Por tudo isso, o PPS entende
a necessidade e a urgência de interpretarmos todo esse processo de
transformação e estabelecermos um canal direto de comunicação com os novos
atores políticos e sociais – por meio das redes e rodas democráticas e dos mais
diversos movimentos da cidadania. Só assim tornaremos possível a renovação
política tão esperada pela sociedade brasileira. Estamos abertos ao novo.
Temos, afinal, um encontro marcado com o futuro. E o futuro é agora.
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
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